Por que Você se Cobra Igual um Agiota?

Quando foi a última vez que você se permitiu descansar, não fazer nada sem seu cérebro ansioso te cobrar ser uma pessoa “produtiva”?

Laura Oliveira
4 min readJan 20, 2021

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Domingo de manhã. Você acorda, olha a hora no smartphone e o relógio marca 9h. Então você pensa: “Por que acordei tão cedo em pleno domingo?”. Sabe que não conseguirá dormir novamente então levanta e olha o instagram enquanto prepara alguma coisa para comer.

Visualiza pessoas ativas e fazendo das mais variadas coisas como:

  • Pessoas passeando em parques;
  • Outras na praia;
  • Algumas fazendo ciclismo;
  • Têm também as workaholics que estão trabalhando;
  • Entre várias outras coisas que alguém poderia estar fazendo em um dia de domingo.

Então você para e pensa “deveria estar aproveitando melhor o dia”. Quem nunca se pegou pensando isso que atire a primeira pedra. Aquele velho sentimento de culpa de que não estamos aproveitando o tempo da melhor forma ou que deveríamos estar fazendo ou feito uma lista maior de atividades, ou que poderia ter feito “melhor” algumas coisa.

Então te pergunto:

“Quando foi a última vez que você se permitiu parar?”

Quando foi a última vez que você se permitiu descansar, não fazer nada sem seu cérebro ansioso te cobrar ser uma pessoa “produtiva”? Repetindo para você que está “perdendo tempo” por estar descansando.

Vem cá e me dá um abraço pois te entendo (mais do que gostaria haha). Passo por esse tipo de situação quase todo domingo (pois a pouco tempo atrás foi o dia que marquei como “dia do descanso”).

Até brinco às vezes e falo para algumas pessoas próximas “amanhã ninguém conte comigo para nada. Estarei funcionamento a 30% e não estou disponível para assuntos sérios ou resolver problemas”.

Mas sinto que pra mim ainda é um desafio conseguir relaxar de fato aos domingos. Ainda me sinto ansiosa maior parte do tempo, lembro da lista enorme de obrigações que preciso fechar. Mas tento ao máximo não tocar no bullet journal aos domingos (apenas no horário para planejar minha semana haha).

Percebo que esse “desafio” em conseguir descansar e relaxar é algo da minha geração, os chamados “millennials”.

Pois a maioria teve um contato precoce com tecnologia e acompanhou o rápido avanço da tecnologia e do aprendizado durante nossa formação como pessoa (período de infância e adolescência).

Então a medida que a tecnologia evoluiu cada vez mais rápido e o acesso a informação cada vez mais fácil, criou-se uma cultura de cobraça aos jovens. Uma cobrança que dita que nós devemos acompanhar a velocidade da evolução da tecnologia.

E esse tipo de cobrança criou uma geração de jovens ansiosos e que acreditam que tudo o que fazem sempre é insuficiente. Nunca tem conhecimento suficiente, descansa o suficiente, não têm lazer suficiente, não está presente para família e amigos o suficiente.

É humanamente impossível “dar conta” de tudo isso sempre!

Sempre em algum momento da sua vida a balança vai pesar mais de um lado e alguma área da sua vida vai ficar com menos atenção.

E tudo bem!

Não coloque sua saúde mental em xeque para viver em busca de “dar conta” de tudo sempre.

Chega um momento que o corpo cobra e vai te cobrar a vista e com juros (igual agiota). E no momento que seu corpo cobrar você vai ser obrigado(a) a parar.

Lembre-se que trabalhar a 100% para as coisas as quais você se propôs não significa abrir mão da sua saúde mental e do seu descanso.

Entender e respeitar nossos limites físicos e mentais é o primeiro passo para melhorar nossa qualidade de vida.

Aproveite o percurso. Não se preocupe com o momento em que a meta for atingida. Pois no fim o que realmente importa foi o aprendizado que você teve no percurso, o quanto evoluiu até atingir aquela meta.

Procure respeitar seus limites e seus momentos de descanso. Não se cobre tanto para ser uma pessoa produtiva 24/7 (afinal você não é agiota).

E a partir do momento que você você enxergar que sua evolução ao longo do tempo é mais valiosa do que a velocidade com que você atingiu aquela meta você entenderá mais vale uma evolução constante do que uma meta atingida rapidamente.

Laura Oliveira

20 de Janeiro de 2021.

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Laura Oliveira

A young woman that feels extremely facinated in studying new things, cultures and worlds. And in her free hours let the imagination play around with the words.